Caderno de Resumos
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Instituto de Estudos de Gênero – IEG
Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades – NIGS
Jornadas de Estudo NIGS
JORNADA NIGS: GÊNERO, FEMINISMO E CIÊNCIASPROGRAMA
Quinta feira 04 de julho 2013
15:00 – 15:00 – RECEPÇÃO, EXPOSIÇÃO DE POSTERES E ABERTURA
15:30-17:30 PAINEL – Mesa Redonda 1 – Mulheres na História da Antropologia e Museologia – Projetos de Iniciação Cientifica desenvolvidos no NIGS (2008 a 2013)
Coordenadora: Betina Lima (UNICAMP e CNPq)
Apresentadoras:
Miriam Grossi (UFSC) –Gênero na história e na transmissão das antropologias e campos cientificos contemporâneos: balanço da formação de jovens pesquisadoras/es
Giovanna Licia Triñanes Aveiro (Mestrado em Comunicação e Semiótica – PUC SP) Onde fica a antropologia na disciplina de Sociologia no Ensino Médio?
Francine Rebelo Pereira (Mestrado em Antropologia Social – UFSC) –História da Antropologia sob a ótica de gênero: recuperando trajetórias de antropólogas
Bruna Klöppel (Graduação em Ciências Sociais – UFSC)- Uma história das mulheres na Antropologia Brasileira: Ruth Cardoso e Eunice Durham.
Gabriella Figueiredo dos Santos (Graduação em Ciências Sociais – UFSC)“Beth Lobo: Pioneira Nos Estudos De Gênero No Brasil”.
Julia Godinho (Graduação em Museologia – UFSC)– Re-inventing the ‘F’ Word – Feminism”: gênero, museus e museologia
Debatedora: Candice Vidal e Souza (PUC MG)
Resumos
Miriam Grossi (Profa Dra NIGS/UFSC)
Gênero na história e na transmissão das antropologias e campos cientificos contemporâneos: balanço da formação de jovens pesquisadoras/esApresentaremos nesta comunicação os grandes eixos de dois projetos institucionais de pesquisa do CNPq e um da CAPES nos quais foram formados estudantes de graduação e pós-graduação nas áreas de pesquisa “Gênero, Feminismo e Ciências”. Iniciaremos pela apresentação do projeto Dictionnaire des Femmes Créatrices realizado em parceria com a equipe dirigida por Barbara Glowcezwski no Laboratoire d’Anthropoogie Sociale, para o qual redigimos em torno de 50 verbetes sobre mulheres antropólogas em todo o mundo. Na sequencia apresentaremos as pesquisas no campo do Ensino de Antropologia e Gênero, que envolveram atividades da Comissão de Ensino da Associação Brasileira de Antropologia, entre ela o premio Levi-Strauss dirigido a estudantes de graduação. Finalizaremos com as pesquisas realizadas sobre o Campo da Antropologia no Mundo, cujos primeiros resultados tem sido divulgados em formato visual.
Giovanna Triñanes Aveiro (Mestranda em Comunicação, PUC SP)
Onde fica a antropologia na disciplina de Sociologia no Ensino Médio?A partir da aprovação da Lei 11.684/08, que torna obrigatório o ensino de Sociologia no Ensino Médio (EM), o Ministério da Educação (MEC) tem buscado garantir a presença das três áreas das Ciências Sociais em suas publicações voltadas para a Sociologia. Destaco a inclusão dessa disciplina no Programa Nacional do Livro Didático (PNDL 2012), aprovando somente 2 de 14 livros didáticos de Sociologia, por estes não comtemplarem as três áreas das Ciências Sociais. Questionei, portanto, neste trabalho que Ciências Sociais tem sido ensinada nessa disciplina do Ensino Médio, dando atenção especial ao lugar ocupado pela Antropologia em propostas de conteúdos e práticas docentes no ensino de Sociologia no EM público de Florianópolis.A Antropologia no ensino de Sociologia no Ensino Médio aparece no estudo do “conceito de Cultura”, sobretudo, nas 2ª e 3ª séries. Os “clássicos – vida e obra” são uma constante e aparecem nas 1ª e 2ª séries, mas há conflitos sobre sua relevância. Esse quadro é atribuído à falta de material didático com outras temáticas além “dos clássicos”, à marginalidade da disciplina, ao lugar desprestigiado da licenciatura nos cursos de graduação e, por consequência, à falta de qualificação dos professores da disciplina.
Francine Pereira Rebelo (Mestranda em antropologia, PPGAS/UFSC)
Historia da Antropologia sob a ótica de gênero: recuperando trajetória de antropólogasO trabalho constitui-se na pesquisa biográfica e produção de verbetes sobre a trajetória intelectual de renomadas antropólogas de diferentes nacionalidades. Selecionamos para pesquisa um grupo das mais importantes antropólogas brasileiras, francesas, norte-americanas, britânicas e latino-americanas, tendo como o foco a questão geracional e a importância de cada uma no interior de cada antropologia nacional Este projeto, realizado em parceria com a equipe de pesquisa coordenada por Bárbara Glowcewski no Laboratoire d´Anthropologie Sociale (França) foi realizado na UFSC por pesquisador@s vinculadas ao NIGS – Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividade do Laboratório de Antropologia. Os objetivos centrais desta pesquisa consistiram em contextualizar historicamente as trajetórias dessas cientistas e em analisar suas singulares contribuições à Antropologia através do resgate de suas histórias profissionais – trajetória acadêmica, publicações, premiações científicas, etc. – atrelados a aspectos de suas vidas privadas – data e local de nascimento, parentesco, relações com colegas, etc. A metodologia foi baseada na revisão bibliográfica de textos de autoria das antropólogas, bem como de escritos sobre as mesmas. A pesquisa alicerçou-se também em informações coletadas em jornais e sites na Internet uma vez que se trata de um grupo imenso de informações inexistentes nas bibliotecas da UFSC e de Santa Catarina. O Dicionário será publicado em francês como " Dictionnaire des femmes créatrices" pela edição "Des femmes-Antoinette Fouque" em novembro de 2013.
Bruna Klöppel (Graduanda em Ciências Sociais, NIGS/UFSC)
Uma história das mulheres na Antropologia Brasileira: Ruth Cardoso e Eunice DurhamA pesquisa busca apreender, através de um olhar dos estudos de gênero, as trajetórias de duas antropólogas amplamente reconhecidas na Antropologia Brasileira: Eunice Durham e Ruth Cardoso. Seu objetivo principal é compreenderqual foi o contexto histórico, social e político que possibilitou tanto a entrada delas nesse campo quanto o pioneirismo que protagonizaram na Antropologia Urbana e nos estudos de gênero. Considera-se que o prisma das relações de gênero pode ajudar a entender quais foram as limitações impostas e as contribuições dadas por essa categoria em suas trajetórias, sem deixar de lado sua intersecção com outras. Como metodologia, utilizou-se de revisão bibliográfica dos campos “Gênero e Ciências” e “História da Antropologia Brasileira”; análise de biografias, depoimentos e entrevistas; pesquisa em arquivos do Centro Ruth Cardoso e da Universidade de São Paulo; análise de currículos Lattes das antropólogas e suas/seus orientandas/os e, por fim, observação participante na 28ª Reunião Brasileira de Antropologia, na qual Eunice Durham participou das mesas “Trajetórias da Associação Brasileira de Antropologia” e “Antropólogas Pioneiras”. Concluímos que a entrada das duas antropólogas no campo esteve atrelada a um contexto de mudanças políticas significativas no Brasil simultâneas ao período de institucionalização da Antropologia, fazendo, deste, um momento marcado por disputas políticas e teóricas na disciplina. Além disso, as duas antropólogas fizeram parte de uma geração que teve a possibilidade de conciliação entre carreira, casamento e maternidade, ainda que estivessem em desvantagem na divisão desigual do trabalho doméstico. Concluímos, ainda, que a presença dessas antropólogas foi fundamental para a consolidação da antropologia urbana e dos estudos de gênero no Brasil, através das importantes obras publicadas e dos/das vários/as orientandos/as hoje professores/as de várias universidades do País.
Gabriella Figueiredo (Graduanda em Ciências Sociais, UFSC)
Beth Lobo: uma das pioneiras dos estudos de gênero no BrasilTraçar o caminho percorrido pela socióloga Elisabeth Souza Lobo, nos meios acadêmico e militante, é fazer coincidir linhas tênues com a história do movimento operário feminino no Brasil. Em seus estudos e atuações, Beth resignifica a importância do trabalho como parte da própria alteridade feminina inserida em um contexto social bastante amplo. Referência nos estudos de gênero e trabalho, principalmente entre os anos 1970 e 1980, alia de maneira simples e profunda, teoria e a experiência do universo das operárias. Seu campo se delineava principalmente entre as mulheres das indústrias do ABC Paulista e das reinvindicações sindicais. Meu campo, em busca dos vestígios de seu fazer, foi em seu Fundo no Arquivo Edgard Leuenroth - AEL (Unicamp – Campinas, SP) em janeiro e agosto de 2011. O presente trabalho esteve inserido no projeto “História e a Transmissão das Antropologias Contemporâneas: um olhar de gênero”, o qual fui bolsista de Iniciação Científica do CNPq. E tem como objetivo estudar a trajetória de uma das pioneiras da teoria feminista no Brasil, Elizabeth de Souza Lobo, através de pesquisa documental, revisão de suas principais obras e participação em grupo de estudos sobre A História da Antropologia.
Julia Godinho (Graduanda em Museologia, NIGS/UFSC)
“Re-inventing the ‘F’ Word – Feminism”: gênero, museus e museologiaEsta pesquisa de Iniciação Científica CNPq, desenvolvida no Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS/UFSC), insere-se no projeto “Um olhar de gênero sobre a História e a Transmissão da Antropologia em diferentes países do mundo”, e tem por objetivo analisar de que maneira as relações entre arte e gênero atravessam e estimulam debates no campo museal. Com o advento de novos modelos conceituais e novas ações e propostas no âmbito museal, criou-se um novo sujeito – integrante e conhecedor da realidade – e um novo museu – também elemento constituinte da mesma realidade. Nota-se, então, uma nova perspectiva tanto em relação à teoria quanto à prática museológica. O museu passa a ser um museu-fórum, um espaço de valorização do cotidiano, com uma produção voltada à educação patrimonial, ao debate, experimentação e colaboração dos diversos atores envolvidos nesse processo. Esse pressuposto permite refletir sobre a forma na qual as questões de gênero têm sido incorporadas, ou não, nas instâncias de transmissão de conhecimento e formação da ciência museológica e seus espaços de atuação. O trabalho de campo se dá em torno da proposta teórico-política que marca a trajetória das Guerrilla Girls, um grupo de artistas feministas norte-americanas que advoga contra as desigualdades raciais e de gênero dentro da esfera artística mundial, e em particular nos grandes museus contemporâneos. Partindo desta proposta, realizei um estudo de caso a partir de um levantamento do acervo online da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde pude perceber uma grande “marcação de gênero” que perpassa todo o acervo de um dos museus mais importantes e reconhecidos no Brasil. Observei também, nessa mesma instituição, a exposição de longa duração intitulada “Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo”. Compreendi, a partir da pesquisa, que há uma diferença exponencial entre a produção e a exposição de peças feitas por artistas homens e mulheres, o que atesta, seguindo a proposta teórica das Guerrilla Girls, as desigualdades de gênero no âmbito museal brasileiro, corroborando com as denúncias deste grupo para o contexto dos Museus norte-americanos e de outras grandes capitais do mundo ocidental. Com o alargamento dos conceitos-chave estudados no campo disciplinar da Museologia, redefine-se constantemente o debate sobre a função social dos museus, suscitando profundas ressonâncias sobre o papel dos mesmos como instância mediadora entre identidade, memória e patrimônio; questões essas que têm sido amplamente debatidas em relação à descentralização do poder institucional e a democratização da cultura. Por fim, este trabalho propõe novas compreensões do campo museal a partir das relações de gênero.
17:30 as 18:00 – Coffee Break
18:00 às 20:00 MESA REDONDA 1 – Mulheres nas Ciências Biológicas, Saúde e Engenharias
Coordenadora: Olga Zigelli Garcia (UFSC)
Apresentadoras:
Luzinete Minella (PPGICH/UFSC) –Perfil sócio-econômico, etário, étnico e segundo o sexo entre estudantes da graduação em Medicina da UFBA (2005-2012)
Luciana Klanowitz (UNICENTRO)- Mulheres nos cursos de engenharia no sul do Brasil (1998-2012)
Caterina Rea (PPGICH/UFSC) – Olhar de gênero num laboratório de Farmacologia
Felipe Fernandes (PPGAS/UFSC) – A sombra dos homens: a participação de mulheres na Biologia no Sul do Brasil
Debatedora: Margaret Lopes (UNICAMP)
Resumos
Luzinete Simões Minella (Profa Dra PPGICH/UFSC)
Perfil sócio-econômico,etário, étnico e segundo o sexo entre estudantes da graduação em Medicina da UFBA (2005-2012)Este artigo objetiva esboçar as linhas gerais do perfil sócio-econômico, geracional e étnico das mulheres que ingressaram no curso de graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, à luz das interseções entre gênero, gerações, classe e etnia, focalizando as chances e os limites de absorção de mulheres não brancas, não jovens e de baixa renda. A metodologia se baseou no levantamento de dados secundários sobre sexo, renda familiar, idade, cor e origem dos/as estudantes que ingressaram entre 2005 e 2012. O estudo faz parte de um projeto mais amplo em andamento que pretende comparar os perfis no Nordeste e no Sul do Brasil, mediante a investigação de instituições de ensino superior, públicas e privadas nos Estados da Bahia e de Santa Catarina. Do ponto de vista teórico, o estudo se baseia numa perspectiva de gênero nas suas interseções com outros marcadores da diferença. Parto de considerar que o exercício da profissão, os níveis de especialização da carreira, o associativismo e as oportunidades de trabalho na área da medicina tem sido alvo de inúmeras pesquisas dada a sua importância estratégica. No entanto, o levantamento bibliográfico feito até o momento mostra que ainda são poucas as pesquisas que contemplam as especificidades ligadas às desigualdades de gênero. Entre elas, destaco primeiro as análises sobre as trajetórias das pioneiras realizadas por Maria Lúcia Mott (1994, 1998 e 1999); Elisabeth Rago (2007) e Monica Schpun (1999, 2004 e 2010). Essas análises foram abordadas num trabalho anterior. Segundo, as pesquisas fundamentadas na interpretação de dados secundários e no levantamento de dados primários,realizadas por várias autoras, por exemplo, a de Hildete Pereira de Melo e Maria Carolina Casemiro sobre a escassa participação das mulheres na Academia Nacional de Medicina (2004); os estudos de Cristina Bruschini e Maria Rosa Lombardi (1999) e de Fanny Tabak (2002) a respeito da situação das mulheres em várias áreas científicas, apontando para a feminização dos cursos de Medicina nas últimas décadas; a pesquisa de Tania Steren dos Santos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), onde realizou entrevistas com homens e mulheres de várias especialidades, sondando as interferências da condição geracional, entre outros aspectos (2004). Os resultados principais obtidos até o momento indicam que os/as alunos/as que ingressaram no curso de graduação em Medicina da UFBA entre 2005 e 2012, são em sua maioria do sexo masculino, tendo prioritariamente entre 17 e 19 anos; a renda familiar pode ser considerada alta, em comparação com outros cursos, concentrando-se principalmente na faixa entre cinco a dez salários mínimos. Quanto ao quesito cor, observa-se quea maior parte se declarou parda. No geral, as vagas por cotas têm sidopreenchidas. O número de negros, bem como de descendentes de indígenas mostra um incremento, embora estes continuem sendo minoria.
Luciana Rosar Fornazari Klanovicz (Profa Dra UNICENTRO – Guarapuava)
Mulheres nos cursos de engenharia no sul do Brasil (1998-2012)Esta comunicação examina a participação de mulheres nos cursos de engenharia no sul do Brasil. Sabe-se que a região concentra alguns dos melhores cursos de graduação e pós-graduação em engenharia no país, estando os cursos concentrados, especialmente, em universidades públicas, além de serem relativamente novos. Historicamente, os cursos de engenharia tem sido espaços de homens, mas algumas áreas vem apresentando uma mudança sensível recente, rumo a uma maior equidade de gênero, em alguns casos. Nesse sentido, por meio de um estudo qualiquantitativo das entradas de mulheres em algumas universidades públicas do Paraná e de Santa Catarina, buscou-se observar, panoramicamente, a construção desses campos de conhecimento a partir das diferenças de gênero em termos de permanência de mulheres nessas áreas.
Caterina Rea (Pós-doutoranda, PPGICH/NIGS/UFSC)
Olhar de gênero num laboratório de FarmacologiaApresentamos aqui uma pesquisa desenvolvida nos maiores departamentos de farmacologia do Sul do Brasil e realizadas seguindo diferentes estratégias metodológicas: levantamento de dados, analise currículos lattes e breves pesquisas de campo, pelas quais foi necessário apresentar o projeto para aprovação no Comité de Ética. O primeiro objetivo deste trabalho é de comparar os dados relativos à presencia de mulheres que atuam em diferentes grãos acadêmicos nestes departamentos. Os dados recolhidos são tratados na perspectiva teórica da critica feminista à ciência. Nos preocupa porem também refletir sobre a produção de discursos relativos às categorias de “sexo” e “gênero” na área das ciências farmacológicas e da saúde e estudar se em que medida estas categorias estão sendo utilizadas ou apropriadas nestes campos.
Felipe Bruno Martins Fernandes (Pós-doutorando, PPGAS/NIGS/UFSC)
A sombra dos homens: a participação de mulheres na Biologia no Sul do BrasilEsta pesquisa é resultado de um pós-doutorado em Gênero e Ciências que buscou analisar a participação de mulheres nas Ciências Biológicas no Sul do país. Tomou como campo um Centro de Ciências Biológicas em uma grande universidade do sul do país analisando, portanto, os CVs lattes de todos os professores do Centro bem como as atas de eleição para chefes de departamentos. A apresentação explorará as nuanças da participação de mulheres em um Centro de Ciências Biológicas e concluirá, assim como em outras áreas das ciências biológicas e exatas, a persistência da desigualdade de gênero.
Sexta feira 05 de julho 2013
Local: Mini-auditório CFH UFSC
08:30 às 10:30 –MESA REDONDA 3 – Mulheres nas ciências humanas
Coordenadora: Mara Lago (PPGICH UFSC)
Candice Vidal e Souza (PUC MG)Trajetórias femininas na antropologia brasileira: ensino, pesquisa e transmissão disciplinar
Betina Lima (UNICAMP – CNPq)- Mulheres, gênero e ciência
Fernanda Azeredo Moraes (UPG) Josildeth Gomes Consorte: trajetórias de estabelecimento da antropologia brasileira nas décadas de 1950/1960
Izabela Liz Schlindwein (PPGICH UFSC) A participação de intelectuais feministas do século 19 na história da educação no Brasil
Debatedora: Caterina Rea (Pós-doutoranda PPGICH UFSC)
Resumos
Candice Vidal e Souza (Profa Dra PUC-MG)
Ensinar antropologia em outros tempos: as mulheres e as configurações do mundo acadêmicoEste trabalho deriva da pesquisa Trajetórias femininas na antropologia brasileira: ensino, pesquisa e a transmissão disciplinar (CNPq/SPM-PR) e apresenta os primeiros resultados das entrevistas com mulheres que desempenharam papel pioneiro como alunas de cursos de ciências sociais e áreas afins nos anos 1950-1960 e iniciaram suas carreiras como professoras em universidades do nordeste e sul do Brasil. As narrativas de professoras aposentadas de universidades federais sobre sua formação em antropologia e sua inserção profissional informam sobre as configurações das relações de gênero entrelaçadas com as condições de classe social em tempos e contextos institucionais específicos. Os percursos de formação de cada uma delas acionam relações diversas: trânsitos entre instituições, relações com tutores e colegas, deslocamentos espaciais, arranjos familiares. Além de analisar o conteúdo de algumas entrevistas já realizadas, reflito sobre aspectos das relações de gênero e das gerações intelectuais que são evidenciados com a presença da pesquisadora e a divulgação da pesquisa em contextos institucionais do presente. A comparação, o contraste entre modos de ensinar e pensar a antropologia, a construção social da memória institucional são dimensões envolvidas nas conversas variadas que a pesquisa provoca: eventos nos quais as diferenças hierárquicas do mundo intelectual se atualizam.
Betina Lima (CNPq, doutoranda UNICAMP)
Mulheres, Gênero e CiênciasAlgumas das principais questões sobre a participação das mulheres nas ciências continuam sendo: por que tão poucas? E por que tão devagar? Estas perguntas referem-se ao pequeno número de mulheres nas posições de prestígio e a sua sub-representação em áreas consideradas masculinas como as ciências exatas e engenharias. Os obstáculos elencados na literatura sobre o assunto são muitos, desde o caráter androcêntrico e engendrado da própria cultura científica quantos outros fatores sócio-culturais como a divisão sexual do trabalho, a dificuldade de reconhecimento dos trabalhos realizados por mulheres, a imagem divulgada do cientista e de determinados campos do conhecimento, a resistência em discutir a questão de gênero nas ciências tendo em vista o discurso hegemônico sobre o caráter meritocrático do sistema científico, entre outros. Assim, não só as questões sobre a participação das mulheres nas ciências são temas para os estudos feministas e de gênero como também a cultura científica e o próprio conteúdo do conhecimento científico. Neste cenário também é importante analisar as ações e medidas, no âmbito da política científica, que tem por foco a questão de gênero nas ciências. Assim, busco fazer uma breve apresentação e análise do “Programa Mulher e Ciência” resultado de uma parceria entre Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da Educação (MEC), Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e ONU-Mulheres.
Iza Liz Schlindwein (doutoranda PPGICH, UFSC)
A participação de duas intelectuais feministas na educação brasileira do século 19O presente trabalho visa a analisar a participação de duas jornalistas na educação para meninas no Rio de Janeiro e São Paulo: a brasileira Nísia Floresta (1810-1885) e a imigrante alemã Julie Engell-Günther (1819-1910). Além de professora, Nísia Floresta é considerada a primeira jornalista feminista do Brasil. Julie Engell-Günther é a autora do maior número de artigos no “Freidenker”, periódico alternativo que circulava nos Estados Unidos com textos de uma rede de mulheres livres pensadoras alemãs. A intelectual viajante também passou pelo Rio de Janeiro, onde conheceu o engenheiro Hermann Günther, responsável pela demarcação de terras para fundação de Joinville (SC), casou-se com ele e, antes de retornar à Alemanha, abriu uma escola no interior de SP. O trabalho está ancorado na teoria da prática e da agência (antropologia) e teoria feminista contemporânea (filosofia) de autoras como Sherry Ortner (2011) e Maria Luisa Femenias (2007).
10:30 – 11:00 Coffee break
11: 00 – 12:30 Conferência de encerramento e debate final
Coordenadora: Miriam Grossi (UFSC)
Conferencista:
Margaret Lopes (PAGU/UNICAMP) –Intersecções possíveis e ainda por vir: Gênero em Ciências e Tecnologias
Resumo
Maria Margaret Lopes (Profa Dra PAGU/UNICAMP)
Intersecções possíveis e ainda por vir: Gênero em Ciências e TecnologiasJá se passaram 40 anos da emergência dos campos disciplinares de Gênero, Feminismos, Mulheres em Ciências e dos Estudos Sociais das Ciências e de suas interações, encontros e desencontros. De lá para cá, o panorama internacional sobre tais intersecções de áreas disciplinares que se forjaram em paralelo, mudou radicalmente. Ambos os campos disciplinares se multiplicaram, se subdividiram, se especializaram e produziram inúmeras interfaces nas diversas e inovadoras abordagens em que se pulverizaram. Cabe ainda nos perguntarmos qual o panorama de tais intersecções no Brasil e América Latina.